quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O mundo é uma escola de atores

Odeio escrever usando palavras repetidas e odeio tudo o que escrevo sem usa-las...
Não dá pra viver mostrando a cara, e é insuportavel viver de outro modo...
Querem que sejamos tranquilos e verdadeiros, polidos e sinceros, mas ai de nós que nos atrevemos ser quem somos, chamam psicólogos, psiquiatras, médicos, padres e exorcistas, se tentamos exorcizar nossos fantasmas...
Seguimos na vida com nossos sorrisos amarelos, roupas sempre bem passadas, cabelos alinhados...
Cuidado com a profissão que escolher, pois terá que representar muito bem seu papél, não poderá usar jeans e camisetas, pois agora é a roupa que diz quem você é.
Se fosse pra dizer tudo o que vem a cabeça, o pensamento seria em vão, longe disso, quem pouco fala, menos tolo parece ser, e todo mundo é tolo, mesmo o maior dos sabios, e todos conseguem ser sábios, mesmo o pior dos imbecis.
Todos querem ser enganados, e nada melhor que seguir enganando o coração embalado por doces mentiras, que nos faz acreditar num mundo melhor.
Altas doses de verdade podem ser fatais, ninguém quer ver pessoas andando com a alma desnuda, chamam isso de educação, disso eu sei, dizer o que se pensa é uma péssima regra de convivência, e mesmo assim, é melhor que me digam, odeio ter que imaginar o que alguém diria antes de resolver que seria melhor se calar...
Sim, sou tola! Não sei me calar na maioria das vezes, e quando falo, me arrependo e me sinto bem melhor...
Sim, sou louca! Detesto quando me dizem o que devo gostar, o que devo ler, como devo me portar, que música ouvir...
E mesmo assim, ironia, se falo o que não devia tantas vezes, não disse nada do que realmente gostaria, são as regras, somos loucos disfarçados de lucidez, pra não refletir o que não vimos no espelho.
Queremos uma parte de nós sempre no anonimato...
Não sejamos odiados e guardamos nossos pensamentos insensatos pra nós mesmo, se não conseguimos conviver com eles... azar!!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Xandra: a Janes Joplin brasileira

Quem já ouviu falar em Xandra Joplin? Não, ela não é filha da Janes! (lembra ela não teve filhos?)nem é parente, é uma brasileira que faz cover da Janes e é muito, muito, muito bom!

Ela é considerada a Janis Joplin brasileira, cantora com forte timbre que assemelha muito com a cantora americana ícone doas anos 60 e falecida em 4 de outubro de 1970 na cidade de Los Angeles aos 27 anos.

As apresentações de Xandra Joplin, não são simples covers, mas verdadeiro tributo a boa música.

Alm da própria Janis Joplin , a cantora tambem tem influências com os cantores Robert Johnson e Otis Redding

Xandra Joplin canta como se encarnasse o espírito de Janis e revivesse todo o clima woodstock. Quem assistiu ao musical Hair de Milos Forman sabe do que se trata, quem ainda não assitiu, procure urgentemente em locadoras ou nos Youtube da vida.

Tem pessoas por aí dizendo que ela não é uma artista porque canta músicas dos outros, não tem música própria! Quanta sandice, burrice mesmo! E então o que dizer da Elis Regina, Cassia Eller, Edith Piaf? Três das melhores vozes que já passaram por aqui, e apenas interpretavem musícas "alheias".

domingo, 31 de outubro de 2010

Mulheres do Brasil

Atoa mesmo!

No tempo em que a maçã foi inventada /antes da pólvora, da roda e do jornal/ a mulher passou a ser culpada/ pelos deslizes do pecado original./ guardiã de todas as virtudes/ santas e megeras, pecadoras e donzelas/ filhas de Maria/ ou deusas lá de Hollywood/ são irmãs porque a mãe Natureza/ fez todas tão belas./ oh! mãe,/oh! mãe/ nossa mãe, abre o teu colo generoso/ parir, gerar, criar e provar/ nosso destino valoroso./ são donas-de-casa/ professoras, bailarinas/ moças operárias, prostitutas meninas/ lá do breu das brumas,/ vem chegando a bandeira/ saúda o povo e pede passagem a mulher brasileira.


Joyce







segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Frases Homer Simpson



"Ao contrario do amor , o respeito não pode ser comprado
 O amor é feito só para pessoas jovens e bonitas!!!

Bem, ele pode ter todo o dinheiro do mundo, mas tem uma coisa que ele não pode comprar... Um dinossauro!

Não bebam agua os peixes tranzam nela

Por que colocar meias se eu vou ter que tirá-las daqui a uma semana.

Beber é coisa pra adultos... e crianças com carteiras de identidade falsa

Sei que nunca fui um homem muito religioso mas, se estiver aí em cima, por favor, me salve Super-Homem!

A culpa é minha e eu coloco ela em quem eu quiser

Se algo é difícil de fazer, então não vale a pena ser feito!

Eu não estava mentindo! Estava escrevendo ficção com a boca.

Álcool...A causa e solução de todos os problemas.

Oh não, alienigenas espaciais!!!Não me coma, tenho mulher e três filhos...coma eles!!

Existem três jeitos de fazer as coisas: o jeito certo, o jeito errado, e o meu jeito, que é igual ao jeito errado, só que mais rápido.

Tenho três filhos e nenhum dinheiro...por que não posso ter nenhum filho e três dinheiros??

Nunca diga qualquer coisa a não ser que tenha certeza que todo mundo pensa o mesmo.

Chorar não vai trazer de volta seu cão, a não ser que suas lágrimas tenham cheiro de ração.

O casamento é o caixão, os filhos são os pregos!!

Eu nuca peço desculpas, Lisa. Sinto muito, mas é assim que eu sou...

A TV me respeita. Ela ri comigo e não de mim.

Existe três frases curtas que levarão sua vida adiante: 'Não diga que fui eu!', 'Oh, boa idéia, chefe!' e 'Já estava assim quando cheguei"


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pai afasta de mim esse cale-se!


O que eu quero dizer aqui neste post é um pouco delicado, mas eu preciso dizer, porque não sou de ficar calada, e diga se de passagem delicadeza não faz meu estilo, mas vou tentar.
Semana passada eu assisti "Batismo de sangue" fazia tempo que queria ver este filme, eu fiquei chocada, tanto que quando terminou eu tentei voltar para os meus estudos e não conseguia concentrar, não só porque as cenas são fortes, mas mexeu muito com minhas estruturas. Bom, só pra esclarecer, o filme é uma história real, baseada no livro de Frei Beto, e conta a luta de alguns Freis Dominicanos no combate contra a ditadura. A história também, menciona o sequestro do embaixador dos EUA, feito pelos "terroristas" terrorista era quem lutava contra toda violência da época, e o sequestro foi uma espécie de moeda de troca, pra libertar alguns presos políticos.

Enfim, o filme mostra como as pessoas eram torturadas, e as vezes mortas durante a tortura, muita crueldade, eu tive que reconhecer durante aquelas cenas que não tenho menor possibilidade de ser heroína, ou de lutar pelo meu país e pelo povo se for pra expor minha pele daquela maneira, ainda mais, quando o povo por quem se luta nem sabe o que está acontecendo, você perde sua casa, sua liberdade, sua dignidade, perde amigos, enquanto as pessoas por quem você faz tudo aquilo está num bar discutindo futebol.
Hoje mesmo, quase ninguém sabe o que acontecia naquela época, e acha tudo muito exagerado, irreal, diria até surreal, há quem diga que tudo era muito melhor durante a ditadura, não havia tanta violência, havia o toque de recolher o os jovens não viviam se embebedando. 

Pois é! Fico pensando se mudariam de idéia se vissem as cenas de tortura, porque ouvi falar, não é nem imaginar... Tem mais, não há nada que me irrite mais do que quem não tem a capacidade de pensar por si, de construir um ponto de vista totalmente desvinculado de meios de comunicação dominantes, vai ver é por isso que muitas vezes sou do contra, só pelo prazer de o ser.

Mas o que tem especialmente me irritado ultimamente, é o fato de as pessoas mudarem de idéia conforme o movimento da mídia, cara na boa, meu voto no segundo turno é pra Dilma, não votei nela no primeiro turno, e estava inclinada a votar em branco, mas será como soltar um grito preso na garganta, primeiro, vem alguém me dizer que não vota nela porque a CNBB pediu que não o fizesse, pelo fato dela ser abortista ou porque ela separou do marido a muitos anos, e inclusive porque ela é, foi, terrorista, e é comunista, vai transformar nosso país numa ditadura... É! Logo ela, que sofreu tortura durante 22 dias, levou choques, passou dias no pau de arara, (não é caminhão) e quem dirá o que mais ela passou la? E me pergunto como ela sobreviveu, porque era tortura mesmo! Tudo para lutar contra o regime ditatorial. E me desculpe essa pessoa em questão, que eu amo e respeito muito, mas não votar em alguém porque a CNBB pediu? Cara, a CNBB é feita de homens, (respeito muito), mas eles não são infalíveis, e erram, já erraram tanto em nome da Igreja, já queimaram santos, aliás fico pensando o que meu pai diria se soubesse que a Dilma foi considerada a Joanna D'arque da revolução armada na época, Ahhhhh!!!!!!!!!! Ela usou arma? Usou, as armas devem ser escolhidas de acordo com os adversários, e pra arrematar, fiquei puta com a capa da VEJA de duas semanas atrás, revista nojenta que serve a direita desde sempre, só faltou dizer: "Votem no Serra!" Sabe o que é pior? Algumas pessoas até se solidarizam com o sofrimento de quem morreu, sofreu ou perdeu alguém na ditadura, mas votam nas mesmas pessoas que estiveram no poder naquela época. Eu até fico calada quando me chamam de inculta por não ASSISTIR AO FILME  do Harry Potter, ou na mesma ocasião diz: "como dizia Oscar Wilde a unanimidade é burra!" Valei-me Nelson Rodrigues!! Depois a inculta sou eu... Mas tenho vontade de gritar quando tentam me impor coisas contrarias a obviedade, ou ao menos não ouvem  meu ponto de vista por ter uma visão turvada pelos meios de comunicação.



Pau de arara, era assim que as pessoas levavam choques, queimadura com cigarros, murros, pauladas e pontapés, etc. etc. etc. até perderem a consciência e serem acordados para mais uma sessão.


Sala de tortura


Alguns filmes sofre o assunto que devem ser vistos:
O ano em que meus pais saíram de férias.
Zuzu Angel
O que é isso companheiro
Batismo de sangue.











domingo, 10 de outubro de 2010

À minha querida avó

 O texto que vou postar a seguir é um conto belissímo de Augusta Faro, uma escritora goiana de quem gosto muito, e esse conto em especial, além de ser o meu preferido do livro "A Friagem", é uma história que mexe bastante comigo, pelo fato de reconhecer a pessoa do conto.

Vejo minha avó materna em cada palavra da história, toda vez que lia esse conto eu me emocionava, sem exagero, eu sentia a presença de minha querida avó, via o rosto sofrido dela, a tristeza em seu olhar, e me impressionava o fato do conto parecer ter sido escrito pra ela, por causa dela, mas a verdade é que a história de minha avó, apesar de ter uma tristeza muito peculiar, é igual a de tantas mulheres de sua época, que viveram em sua gaiola.

A Gaiola por Augusta Faro


Porque minhas tranças estavam macias e lustrosas, a pele de meu rosto sabia a fruta veludosa, fresca e furta-cor, deitei-me naquele dia sob a telha de vidro da gaiola, na longa rede cheirosa de sabão preto feito em casa mesmo. Foi esse o início de um destino esquerdo, que me marcou a testa a fogo e me fez arrastar uma banda do coração como um toco de carne empedrado pela vida afora. Daí mais um pouco fui embranquecendo os fios do cabelo da fronte, e meus olhos acharam por bem esburacarem-se parecendo por fim a dois lagos meio verdes meio azuis, esfumaçados pela neblina que saía da chaminé daquela casa onde, à beira do fogão, encostei meu umbigo temperando as sopas dos meninos e pondo o leite pra ferver, porque desde cedo me secaram as tetas e o jeito era recorrer ao leite das cabras do quintalão de pedras e, também, porque minha bisavó, que ainda falava e orava com um fio de voz e se cobria num canto do quarto escuro, como uma mancha no ermo, dizia e repetia que crianças de dentes fortes e olhos vivos devem beber leite de cabras já que as mães se secam muito cedo, por dentro e por fora de tanto arrancarem pedacinhos de carne e do suco de ossos e sangue para sovar o dia do marido que e-vem chegando, levantando a voz como se nascesse rei e o bando de filhos seus primeiros súditos.

E alisava o bigode e a traseira das ajudantes da mãe de olhos afundados e sempre prenhe e murchada no silêncio, e mesmo que se desse corda nos relógios, eles pouco diziam.

Naquele atropelo, nem sabia mais se seria eu aquela de tranças macias, com enormes riscos de fio de ouro ou se era aquela da parede suspensa na fotografia oval de minha tia, já entrada em anos, tendo um xale preto nos ombros e um véu cheio de buraquinhos e muito escuros lhe tapando o olhar e de fora os beiços que mais se afinaram, porque pararam de rir antes da hora.

E o homem de botas chegava pronto para o almoço e queria as travessas areadas na mesa de forro branco, e que não demorasse o vinho e que não fizessem barulho para não atrapalhar a ouvir o próprio mastigar e que não interrompessem seus pensamentos sérios, porque só ele quem pensava na casa e o resto era gente feita de barro duro e mole, mas que de alguma forma servia-lhe para ajeitar a cama, a mesa, o banho e as necessidades mais urgentes, porque as derradeiras podia arrumar nalguma esquina, de preferência naquelas casas onde as moças nem eram tristes nem eram alegres, mas deitavam tendo sempre um perfume adocicado nos dedos cheios de anéis de pedras de cores meio foscas, pois muitas vezes quando lavavam roupa dos filhos se esqueciam de tirá-los e deixá-los sobre a mesinha-de-cabeceira junto ao chá de erva cidreira, que é minguador do nervoso de cada dia.

E foi entrando o tempo pra lá pra cá, tecendo um rendado feito as cortinas costuradas nas janelas da sala de visitas. E minha voz, que já pouco falava, foi emudecendo de fora para dentro e no que mais emudeci, perdi o jogo da cintura e o gosto da língua. Comecei a repousar três vezes ao dia, sempre de lado, porque abriu uma rosa muito macia e dolorida do lado, esquerdo; todo cuidado é pouco, porque, se ferisse a flor, a carne de meu próprio corpo tremia tanto, que poderia cair no assoalho mais parecido a um espelho de tanta cera. Pouco é a minha valia e serventia agora e, por isto, passei a ficar no escuro, embora não chegasse nem  à metade da idade de minha bisavó, que ainda vivia e num fio de voz orava e danava com as coisas das quais não apetecia.

Minha mãe, por ser morena como uma índia, nunca dormia é feita de sereno não cansava de trabalhar nas tarefas de agulhas, fazendo uns panos compridos, outros coloridos e enfeitando a casa da família inteira. Ela até se misturava com o sol, que nascia e que entrava, não parando a sua labuta, a não ser por poucas horas, quando o silêncio e os cachorros no escuro sentiam que a noite era pesada demais.

Por causa dos quefazeres todos e do aloite com a vida, minhas veias murcharam nos braços e as coisas me caíam das mãos dado à fraqueza que rodeava meus pulsos.

De vez em quando, alguém entrava no quarto e bem eu ouvia "precisa de alguma coisa?", mas o que eu precisava ninguém me dera nunca, desde que vagi primeiro. Também a minha voz pouco queria sair e quem pergunta nem sabia se haveria resposta ou estava com pressa, já fechava a porta atrás de si, e nem que eu gritasse não ouviria mesmo. Mas eu não gritava nunca, aliás, pouco gritei enquanto mais forte. 

Foi por isso que no espelho do quarto me vi pela última vez, com jeito de quem veio errado viajar no mundo.

O espelho ainda está la pendurado, mas as janelas abriram e as moça, filhas das filhas que carreguei no ventre se olham nele mas não abaixam as pestanas, nem calam a boca. Pelo contrário, falam muito umas com as outras e com os homens la delas. Até que não me preocupo mais, quase nem é preciso, porque essas moças abriram as portas e janelas, arejaram as casa e nem todas vão se deitando sobre a telha de vidro enluarado nem ficam encantadas feito bonecas de louça quando lhes alisam os cabelos e os pêlos. Elas abriram todas as janelas e vejo que o sol entra com vontade, deixando um rendado na tábuas, de mode que os piados delas são fortes o bastante para que não as fechem na gaiola nem a dependurem no caibro mais alto da varanda, igual foi acontecido comigo e muitas mulheres de minha geração e de muitas outras gerações antes de eu nascer.

Nota: quando minha avó foi embora, foi preciso ser colocada em seu caixão de lado, pois só se deitava assim por causa da ferida que se abriu do lado esquerdo de seu corpo. 

sábado, 9 de outubro de 2010

Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante...

... Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.

Contrariando padrões por mim estabelecido sobre esse blog, de só postar texto meu, há ocasiões que a inspiração foge pra tão longe que seu retorno é demorado, e há tantas coisas lindas que merecem ser divulgadas.
Primeiro quero dizer que me reservo ao direito de mudar de opinião, de rever conceitos, de pensar direito, estou dizendo isso porque eu andei meio desacreditada com a Marina, para dizer a verdade peguei verdadeira antipatia por ela, pois tinha a impressão de que ela estava muito apelativa no começo da campanha, tipo, "pobre, negra e mulher", sem falar que ela andou postando certas coisas em seu blog, que, verdade seja dita, concordo totalmente com ela, mas acho que não é coisa pra candidata a presidência sequer pensar, quem dirá divulgar.
Eu seguia disposta a votar em branco,  não sei se para me vingar da pretensão da Dilma ou da antipatia do Serra, embora os dois sejam antipáticos, eu fui cada vez mais me afeiçoando a Marina, mesmo tantas vezes me lamentando por ela ser tão mal assessorada, e em tantas oportunidades em que podia e devia falar bem, se perdia em sua prolixidade, até que, pesquisa aqui, procura dali, fui conhecendo sua vida, seus feitos, seus sofrimentos, fui cada vez mais respeitando-a e admirando-a, tal qual aconteceu com meu amor por Frida que começou com uma aversão que parecia inversível, achava sua obra apelativa, sofrida, e achava que ela só queria atenção e que todos sentissem pena de seu sofrimento, pra mim ela era melancólica e depressiva. Então ao conhecer sua vida, seus sofrimentos e sua capacidade de superação, apaixonei-me irremediavelmente, e suas obras antes tristes e feias, tomaram novas formas e cores diante de minha retina.
No entanto mesmo admirando e respeitando Frida, ainda sim tenho minhas reservas com relação a ela, e com a Marina não é diferente, reservas essas, que não vem ao caso, e é muito particular. Por que estou mencionando a Frida kahlo? Por que tem a ver com o texto a seguir: 

A fome de Maria por José Bessa Freire:




Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva, justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem está com fome”.

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come. Tais declarações são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a compreender a aventura da existência humana. Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços e enxudiosos, eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como requisitos indispensáveis ao exercício de governar, para o qual os Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam despreparados.

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados. De um lado, reforçam a ideia burra e cartorial de que o saber só existe sefor sacramentado pela escola e que tal saber é condição *sine qua non* para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício da representação política.

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez pisou na bola. Feio.“Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”. Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo que os silvas representam.

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se trata de um preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde nós vemos uma beleza frágil e sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se trata de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?

O mapa da fome 

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de menina seringueira, quando comeu a macaxeira que o capiroto ralou. Traz em seu rosto as marcas da pobreza, de uma fome crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho, dentro do Seringal Bagaço, no Acre. Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada, andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até caçava. Três de seus irmãos não aguentaram e acabaram aumentando o alto índice de
mortalidade infantil. 

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora, com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose, condimentos e uma longa lista de uma rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de doenças contraídas quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três hepatites e uma leishmaniose.

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas noseringal. Ela adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade. Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação Integrada, onde aprendeu a ler e escrever. Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa, cozinhando, faxinando. Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la, militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu bairro, no movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes, fundou a CUT no Acre e depois ajudou a construir o PT.

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o dinheiro das mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais vereadores a fazerem o mesmo. Elegeu-se deputada estadual e depois senadora, também por dois mandatos, defendendo os índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta. Quem viveu da floresta, não quer que a floresta morra. A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e
estimular o manejo florestal. Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias. Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um milhão de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos ambientais, desmonte de mais de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de 37 mil propriedades de grilagem.

José Bessa Freire, Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas (UERJ)epesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Esquinas

 Esquinas há, tão escuras que mal se consegue passar,
Na tentativa de se apegar em algo que tenha cor...
E correm palavras que o vendo esconde,
Desabrigando promessas esquecidas...
Não sei como descrever a travessia,
A boca grita atingindo sua pele desprotegida,
Contrariando tudo que por repetidas vezes tentou se dizer, se guardar, se esquecer...

Alheia a essas e tantas outras insanidades,
Há a beleza de sonhar, ainda que no escuro,
E a realidade a acudir aos sonhos mal construídos e nebulosos,
Minha alma acabrunhada, gritando tanto que preciso ficar em silêncio por uns dias
Na tentativa de não afetar alguém

A atrocidade do ar que me falta ao espiríto,
Por vezes, tem o poder de me fazer esquecer como se respira
Talvez por calor, ou a falta de uma fresta por onde se possa escapar uma luz...
Deixe-me acreditar que a vida é como quero que ela seja
Isso não é egoísmo, talvez, apenas loucura

Matei de sede as flores que desdenham solidão, que julgam aflição!
Quem sabe se os barulhos que cessaram poderiam descrever
Tantas vezes mais o cenário de incertezas e (pré)ocupações, que se passaram?
Mas não foi por maldade, eu não estava aqui.

As vezes invocar as tardes, em que o pôr do sol não é nem de longe tão belo,
Mas que carrega consigo companhias que acariciam o coração,
Me fazem esquecer que por um periodo mesmo que indefinido
Meu espaço é meu deserto

À minha beira tenho você por abrigo
E a lembrança de uma casa que parece estar em eterna festa
Creio não desmerecer o pulsar que faz minha alma cantar sempre que passeio por teus olhos
Esses olhos que afagam minhas horas,
Que me calam quando chovem palavras por meus poros.

Me ensinaste que viver é apenas seguir tanquilamente, enquanto a vida corre
Aprendi que ter o teu destino cravado no meu corpo
Ter os teus rios  a desaguar na minha memória,
A tua voz se confundindo com minhas manhãs
A tua presença tatuada em meu caminho.

E tentar compreender como entendes a batalha que travo por dentro
E mais que tudo, ter teus olhos perdoando o meu enlouquecer
É só o que eu preciso para pintar as cores dessa arte que é viver.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A leveza e o peso

O eterno retorno é uma idéia misteriosa e, com elas, Nietzsche pôs muitos filósofos em dificuldades: pensar que um dia tudo vai se repetir como foi vivido e que tal repetição ainda vai se repetir indefinidamente! O que significa esse mito insensato?

O mito do eterno retorno afirma, por negação, que a vida que desaparece de uma vez por todas, que não volta mais, é semelhante a uma sombra, não tem peso, está morta por antecipação, e por mais atroz, mais bela, mais esplêndia que seja, essa atrocidade, essa beleza, esse esplêndor não têm o menor sentido. Essa vida é tão importante quanto uma guerra entre dois reinos africanos do século XIV se modifica pelo fato de se repetir um número incalculável de vezes no eterno retorno?

Sim: ela se tornará um bloco que se forma e perdura, e sua brutalidade não terá remissão.

[...]

Se cada segundo de nossa vida deve se repetir um número infinito de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz. Essa idéia é atroz. No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma responsabilidade insustentável. É isso que levava Nietzsche a dizer que a idéia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos (das schwerste Geewicht).

Mas será mesmo atroz o peso e bela a leveza?

O mais pesado dos fardos nos esmaga, verga-nos, comprime nos contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja o fardo do corpo masculino. O mais pesado dos fardos é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da realização vital mais intensa. Quanto mais pesado é o fardo, mais proxima da terra está nossa vida, e mais real e verdadeira ela é.

Em compensação, a ausência total de fardo leva o ser humano a se tornar mais leve do que o ar, leva-o a voar, a se distanciar da terra, do ser terrestre, a se tornar semi-real, e leva seus movimentos a ser tão livres como insignificantes.

O que escolher, então? O peso ou a leveza?

(A insustentável leveza do ser. Milan Kundera)


Sou admiradora desse trecho do livro de Milan Kundera, hoje, em especial fiquei pensando sobre ele, a dias tento decifrar porque a leveza para ele é insustentável, embora  o livro seja auto explicativo, mas eu queria uma resposta minha, queria entender o que é ser leve e o que é pesado, para então entender o que está sendo insustentável neste momento da minha vida, e me ocorre que a leveza têm um peso muito maior que o peso. E, é ela que me aflinge, mas na verdade não quero peso, nem leveza quero o equilibrio das coisas, o peso e a leveza na medida certa. E eu sei como fazer, mas a leveza da minha vida não tem me deixado em paz.
"A contradição pesado/leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições."

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pois é...


Eu nasci de sete meses, (dia sete do "sete", antes de virar nove) e talvez era no seio de minha mãe que eu deveria aprender a me ocultar, esconder minha face, meu grito, minha dor, meu pulsar , não consigo lidar com esse mundo que finge buscar a verdade e cultua a mentira e a hipocrisia, chamam isso de bons modos, de bom senso, eu chamo isso de mentira e falsidade.
Só quero ser eu, sem meias palavras, sem pensar, só sentir, não gosto de me anestesiar e não combino com coisas que tentei em vão me adaptar, só quero ser eu, mesmo que o ar me falte, que ninguém compreenda, eu preciso ser eu, ser amada pelo que não sou, agradeço, mas não! Não quero esse tipo de amor, mesmo que a flor amarela seque no vaso como secou, mesmo que não volte mais a florir. Sim! Eu sou isso aqui! Se é pesado, se é amargo, difícil de lidar? Azar! Por favor entenda! Se firo, se assusto, se me calo, ou se fujo, é pelo simples fato de não saber caminho diferente. Não mude o tom de voz, não finja que está tudo bem, é melhor calar e ver o que o tempo diz, no momento, estou digerindo certas situações... Jogo de cintura, palavras levianas ditas por dizer, não fazem parte do meu estilo,  minha atenção exagerada, minha dedicação, meu descaso, palavras delicadas, meu calar, tem hora, mesmo as vezes perdendo o lugar, mesmo não sabendo se expressar, e é o que tenho de verdadeiro. E se quase sempre minha lingua é uma espada pontiaguda, é melhor se afastar... E não! Esse não é meu pior defeito, todos ferem com as palavras, mas poucos sabem curar as feridas.
Se choro, se grito, se chamo, se imploro, se cuido, se me desespero, se falo demais, ou se me calo, é melhor esperar... Tenho comigo que só penso pra falar quando escrevo, e quando as palavras  saem de  mim desconectadas, desasjustadas, e mal ditas, ai de mim, meu único algoz... Isso só tem a ver comigo! Só eu sei o que eu guanho e o que eu perco! Não tente dizer como eu devo ser!
Não tenho nada pra dizer, desculpas se pede, quando a algo do que se arrepender... Como eu posso me arrepender de ser eu mesma? Talvez eu esteja fora do tom, mas sou eu agora. E meu silêncio é em consideração a tudo que se passou, a tudo que você significa, ou significou na minha vida. Estou magoada, e ainda não sei como te explicar, não sei se quero explicar...
As coisas não sairam como você estava esperando, não me culpe do seu arrependimento... E se quer saber, eu também esperava que você estivesse presente quando passou por aqui, senti muito mais sua falta, do que quando estamos distantes... E quem sou eu pra te cobrar? Tenho infinitas coisas mais a agradecer, mas há muitas coisas que começo a entender só agora, e me dão medo... É! Vai ver isso é do meu jeito de tomar pra mim as dores de meus afetos, eu fico pensando que tenho direito a cumplicidade... 

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Pronto!

Pronto. O que está feito está feito. Agora sou Eu versus Eu. Eu meu único amigo, meu pior inimigo. Hoje não sei nada, só o que quero, e o que quero corro atrás. Se não alcançar, ninguém dirá que esperei plácidamente como se as coisas acontececem por sorte, milagre, acaso...
Agora foi o momento de agir, amanhã começa o momento de agir e de esperar, esperar, esperar. 
E se meu coração não fosse feito da tempestade que o assola constantemente, que de ânsia e de querer conhece bem, talvez, Eça começasse a fazer sentido e  frases de impacto poderiam me valer de alguma coisa, além de admirar, mas, peço a Deus a complacência de quem não tem...  "Nada a desejar e nada a recear... Não se abondonar a esperança nem a um desapontamento. Tudo aceitar, o que vem e o que foge, com a tranquilidade com que se acolhem as naturaes mudanças de dias agrestes e de dias suaves."
Mas se é o desejo que move o ser. Se fomos feito pra querer, e se não queremos deixamos de ser. Então estou resolvida, é isso o que quero, e se tenho a dificuldade de aceitar o que não me convém, estou me convencendo a me adaptar a essa terra de homens onde os desejos se embatem e se confrotam...  E n'esta placidez, deixar esse pedaço de matéria organizada, que se chama o Eu, ir se deteriorando e decompondo até reentrar e se perder no infinito universo. Sobretudo não ter apetites. E mais que tudo não ter contrariedades...
Diferente de Ega, em suma DISCORDO do que principalmente nos  tentam convencer nesses estreitos anos de vida, era da inutilidade de todo esforço, não valia a pena dar um passo para alcançar coisa alguma na terra, porque tudo se resolve, como já ensinára o sabio de Eclesiastes, em desilusão e poeira...
Se assim for, melhor! Isso me consola, mas prefiro ir atrás do que me move. Ah! Sim. Tenho inclinação para só fazer o que eu quero, mas tenho me esforçado para mudar de idéia e passar a querer fazer, o que tenho de fazer.

sábado, 24 de julho de 2010

Meu pequeno príncipe!


Querido Nícolas, 
Hoje eu assisti um filme que me fez ter mais saudades suas, "Le petit Nicolas" é um filme francês, e eu amo filmes franceses, quando você crescer, talvez descubra isso... Não, não foi por causa do filme que tive saudades, ela tem sido uma constância com a qual dia a dia aprendo a lidar, no entanto vez ou outra ela incomoda de forma latente, e eu gostaria que soubesse que me preocupo com você, que queria estar ao seu lado para responder a todas as suas dúvidas, para rir das suas descobertas e te dar conselhos sobre a vida, contudo sei que me limito a ser a tia que nas férias leva presente aos sobrinhos, mas também sei, que a despeito disso, você tem um enorme carinho por mim, sua mãe me contou que quando você sabe que vou chegar na manhã seguinte, não quer dormi pra me esperar e estar acordado quando a titia chegar. 
Eu vi um bichinho numa loja de brinquedos, cujo você coloca na água e ele aumenta seiscentas vezes  o tamanho, vou levar, acho que você e seus irmãos vão gostar, pelo menos achei diferente de tudo que vocês costumam brincar, também vi um skate e me lembrei de você, tenho vontade de te dar um quando tiver ao menos doze anos, mas tenho medo de ser a responsável por uma eventual fratura (Deus te livre)! A quem você terá herdado esse gosto por skate? Ah meu amor! Quando a titia for, também vou levar o livrinho do Pequeno Príncipe, e prometo que vou ler pra você, e o DVD do filme pra você assistir mil vezes, tenho certeza que você vai amar, e quanto ao "Le Petit Nicolas" creio que precisa crescer mais um pouquinho para entende-lo, mas prometo voltar a falar sobre isso com você.
No momento o que posso garanti é que o filme é muito fofo e engraçado. A história é delicada e leve,   capaz de arrancar facilmente boas e gostosas gargalhadas. Imperdível!!
Bem, gostaria de ficar a tarde toda falando de suas travessuras, sua esperteza e sua doçura, mas vou falar um pouco mais sobre o "Le Petit Nicolas".


Do diretor Laurent Tirard 

Tirado de um livro infantil de Goscinny (criador dos quadrinhos Astérix et Obélix) e Sempé.

O garoto Nicolas leva uma vida tranquila. É muito amado por seus pais, tem uma turma de amigos com quem se diverte bastante. Para ele, nada precisa mudar.  
Mas um dia, Nicolas surpreende uma conversa entre seus pais que o faz achar que a mãe está grávida. O menino entra em pânico e já imagina o pior: tão logo nasça um irmão, seus pais deixarão de lhe dar atenção e vão abandoná-lo na floresta como as histórias do Pequeno Poucet, de Perrault.




"Laurent Tirard conseguiu trazer inocência, humor e poesia a esses homenzinhos de calças curtas." – Le Journal du Dimanche

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Não sei fazer versos.


Meu coração que não me deixa em paz,
que não para de olhar pra trás,
mas é só saudade mesmo,
saudade de tudo que tive por perto,
do que sonhei e até do que chorei,
saudade de mim antigamente,
saudade que tem nome,
cheiro, lugar e rosto,
saudade dos meus visinhos amigos e parentes,
saudade dos quinze,
saudade que me fez chorar de desgosto,
de tudo que eu não sabia que iria aprender,
hoje tem cor sabor e gosto...
Saudade também do que quero ser.

domingo, 18 de julho de 2010

História de uma gata arisca

Este ano eu queria dar um presente diferente ao meu marido no dia dos nomorados, depois de muito pensar resolvi ver se encontrava gatos pra adotar na minha cidade, pra minha surpresa ao procurar na internet, já no primeiro link encontrei três gatinhos lindos pra adoção (de aproximadamente dois meses) e ainda perto da minha casa, achei que fosse o destino e resolvi encarar o desafio, afinal ele ama gatos e eu detesto (detestava).

Saí do trabalho no meio da tarde e fui buscar o gatinho, vi a Knnor (nome provisório), sentadinha, ( pensei que ela seria menor, achei meio crescidinha e fiquei receiosa) parecia estar me esperando, os outros dois dormiam tranquilamente debaixo de um carro. Então eu disse quero esta! E fui na sua diração para pega-la no colo, pensei que se tratasse de um gato manso, ela rosnou pra mim, e fez menção de ataque, a dona  disse pra eu ter calma pois ela não deixava qualquer um se aproximar. Ela começou a correr pra todo lado, quando finalmente a Shirley a pegou e me deu, ela entrou em desespero e começou a miar e me arranhar. Eu quase desisti.

A Shirley a colocou dentro do meu carro, e quando eu cheguei em casa fui tentar pega-la para colocar dentro de casa, ela não me deixava aproximar, corria se agarrava com as unhas no banco, eu tava morrendo de medo e ela também, quando finalmente consegui pega-la pelas costas, ela fincou as unhas no banco do carro gritava, e acabou fazendo coco (de medo), não vou mentir, eu quis mata-la, então resolvi pegar uma toalha, enrrolar nela e tira-la do carro, coloquei ela no chão, ela correu pro quarto de hospédes e subiu na cama, nessa hora ela nem tinha forças para correr de mim, se esparramou na cama, muito cansada com a lingua pra fora e extremamente assustada, quando recuperou o folego correu pra debaixo da cama, e ficou la por horas.

A noite ela resolveu sair, eu e meu marido fechamos a porta do nosso quarto deixamos água e comida pra ela na cozinha e eu rezei pra conseguir dormi naquela noite, já estava muito arrependida da minha "fabulosa" idéia. A gata passou a noite toda miando, derrubou várias coisas da estante, quebrou um objeto, e fez coco no meu sofá. Quando eu acordei queria saber onde estava com a cabeça quando resolvi adotar um bicho que odiava, e agora me lembrara porque! Abri a porta da sala e torci pra ela fugir e nunca mais voltar, ela foi pra fora miando ainda desesperada. Enquanto tomava café estava pensando no que dizer a meu marido, afinal foi uma tremenda irresponsabilidade da minha parte, adotar um bicho pra deixa-lo da rua, pra dizer a verdade eu queria que ela sumisse! Só que na hora de sair pro trabalho eu descobrir onde ela estava econdida: no motor do carro. Cheguei atrasada no trabalho, e o pior é que eu percebia na cara do meu marido que ama gato e tem toda paciência do mundo o quanto minha idéia tinha sido infeliz! Então conversamos sobre devolve-la, cheguei ao trabalho disposta a ligar pra dona e devolver, então liguei pro meu marido que me disse, para deixa-la  só  avisada que se ela não se adaptasse a  devolveremos, ficamos com ela só uma noite, vamos ver no que dá! Disse ele.

Então la vou eu pra internet ver como domesticar, amansar gatos ariscos, fiquei triste, porque vi relatos de gatos que nunca deixam seus donos se aproximarem.
Ela ficava o tempo todo no quarto de hospede, mas quando eu chegava ela ficava onde eu estava, comecei a desconfiar que ela gostava de mim, mas não deixava ninguém se aproximar e rosnava com a nossa presença, comprei bolinhas de brinquedo, (ela odiou) amarrei um bolinha de papel a um barbante e fui brincando pacientemente com ela, ela tinha medo, não chegava muito perto, mas aos poucos foi perdendo o medo. Ela começou a chegar perto de mim, mas não muito, e finalmente com muita dificuldade conseguir passar a mão nela. Ela não deixava meu marido se aproximar, mas já estava se sentindo em casa, ficando no mesmo ambiente que a gente.

Uma semana depois, ela fugiu, fomos procura-la pela visinhança, eu já estava sem esperanças. Quando finalmente meu marido a encontrou, mas o portão e a porta de casa estavão trancados, ele teve que pega-la, ela óbvio queria se soltar e mordeu o Ronaldo, mordeu muito. Ele ficou possesso e gritou: amanhã devolveremos esse gato! Ficou emburrado um tempão até comigo, (pois eu tinha trancado a porta), eu briguei com ela e disse pra nunca mais fazer isso. Ela ficou meio ressabiada, e começou a rodear o Ronaldo, meio desconfiada, como que pedindo desculpas, parece que sabia que tinha feito algo errado, então ela ficou no mesmo sofá que ele neste dia, até então ela nunca tinha ficado perto dele.

Desde então, sempre tiramos um tempo pra brincar com ela, e cada avanço era comemorado, cada vez que ela chegava perto, ou nos deixava acaricia-la, ou cada vez que ela brincava com nossa mão.
Hoje, quarenta dias depois de a adotarmos, ela virou nosso xodózinho, carinhosa, começou a ronronar (sinal de alegria e contentamento), deixa a gente pegar, claro que não sem prostetar, mas deixa, deixa a gente dar banho e até cortar as unhas, adora dormir com a gente, sempre está onde estamos, é muito brincalhona, (ela pensa que é a Daniele Hipolito, ou Dayane dos Santos). Ela aprendeu a trazer uma bolinha feita com sacola amarrada, que ela adora, pra gente jogar pra ela, ontem eu estava num sofá e o Ronaldo em outro, ela trouxe a bolinha pra eu jogar ela foi pegou e levou no outro sofá pro Ronaldo jogar pra ela, ela buscou e trouxe pra mim, e ficou assim um tempão revezando pra gente não ficar com ciúmes.

Ela se chama Mel, e tem alegrado e adoçado nossas vidas. Por causa dela, eu posso dizer que aprendi a querer bem aos gatos! Ela é linda querida e geniosa igual a mim. Amo-a!

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Jornada da Alma!


Esse filme até hoje me impressiona, fiquei dias meio boba, pra mim é até dificil falar sobre ele. Mas vou tentar descrevê- lo em poucas palavras.
Conta a história real de uma mulher que sofre de histeria, e é fonte de pesquisa de Jung, discípulo de Freud, sua cura se confunde entre o tratamento psicológico e o caso amoroso entre os dois. O que mais me impressionou foi a capacidade de superação e adaptação de uma pessoa tão fragil psícologicamente e com o emocional abalado e aparentemente irrecuperável.

Jornada da Alma

titulo original: (Prendimi L'Anima)
lançamento: 2003 (França)
direção: Roberto Faenza
atores: Iain Glen , Emilia Fox , Caroline Ducey , Craig Ferguson , Jane Alexander
duração: 89 min
gênero: Drama
status: arquivado
Sinopse:
Em 1905 Sabina (Emilia Fox), uma jovem russa de 19 anos que sofre de histeria, recebe tratamento em um hospital psiquiátrico de Zurique, na Suíça. Seu médico, o jovem Carl Gustav Jung (Iain Glen), aproveita o caso para aplicar pela primeira vez as teorias do mestre Sigmund Freud. A cura de Sabina vem acompanhada de um relacionamento amoroso com Jung. Após alguns anos ela volta à Rússia, tornando-se também psicanalista e montando a primeira creche que usa noções de psicanálise para crianças. Década após sua morte, ela tem sua trajetória resgatada por dois pesquisadores. 

Trailer:

A cor púrpura



Essa história nos faz perceber do que um ser humano é capaz de suportar em nome da sobrevivência. Ela estava condenada ao silêncio e a violêcia da vida, quando começa a escrever pra Deus, com descrições belissímas do seu cotidiano. Exemplo de força! Primeiro filme de Whoopi Goldberg, que impressiona na interpretação, a fotografia é de tirar o folêgo, no entanto é puro entreterimento, mas vale muito apena, apesar de que penso que o diretor poderia ter conduzido melhor alguns aspectos.

Sinopse

Uma jovem de quatorze anos é violentada pelo pai e torna-se mãe de duas crianças. Sem poder mais procriar, ela logo é separada de seus filhos e é doada a um homem que a trata como escrava e companheira.

Elenco

  • Danny Glover .... Albert/Mister
  • Whoopi Goldberg .... Celie
  • Margaret Avery .... Shug Avery
  • Oprah Winfrey .... Sofia
  • Willard E. Pugh .... Harpo
  • Akosua Busia .... Nettie
  • Desreta Jackson .... Celie (jovem)
  • Adolph Caesar .... Mister (velho)
  • Rae Dawn Chong .... Squeak
  • Dana Ivey .... srta. Millie
  • Leonard Jackson .... pai
  • Bennet Guillory .... Grady
  • John Patton Jr. .... pregador
  • Carl Anderson .... reverendo Samuel
  • Susan Beaubian .... Corrine
  • James Tillis .... Buster
  • Phillip Strong .... prefeito
  • Laurence Fishburne .... Swain

Principais prêmios e indicações

Oscar 1986 (EUA)
Globo de Ouro 1986 (EUA)
  • Venceu na categoria de melhor atriz - drama (Whoopi Goldberg).
  • Indicado em outras quatro categorias: melhor filme - drama, melhor diretor, melhor atriz coadjuvante (Oprah Winfrey) e melhor trilha sonora.
BAFTA 1987 (Reino Unido)
  • Recebeu uma indicação na categoria de melhor roteiro adaptado.

Academia Japonesa de Cinema 1987 (Japão)
  • Indicado na categoria de melhor filme estrangeiro.
Writers Guild of America 1986 (EUA)
  • Indicado na categoria de melhor roteiro adaptado.
National Board of Review 1985 (EUA)
  • Venceu na categoria de melhor filme em língua inglesa e melhor atriz (Whoopi Goldberg).

Curiosidades

  • Foi a estréia de Oprah Winfrey no cinema.
  • A cantora Tina Turner chegou a ser convidada para interpretar a personagem Shug Avery, mas recusou o papel.
  • Foi o primeiro filme de Steven Spielberg que não contou com a trilha sonora de John Williams.
Trailer:




O contador de histórias!!


O contador de história é um filme de Luiz Villaça, baseado na vida do mineiro Roberto Carlos Ramos, um exemplo genuino de como o afeto pode mudar a história.
O menino de apenas 6 anos, caçula de 10 irmãos, é deixado pela mãe na FEBEM, instituição na época recém criada pelo governo que a priori se destinava a garantir um futuro melhor a crianças carentes.
Não quero entrar em detalhes pois o  filme não é pra ser contado e sim assistido, particularmente já o vi duas vezes e pretendo vê-los outras mais. Não tem como continuar igual depois desse filme. É uma verdadeira lição de vida!
 
Trailer:
http://www.youtube.com/watch?v=1Aqn_jO_HAM

Sinopse oficial:

Gênero: Drama
Duração: 100 minutos
Website Oficial: Clique Aqui
Status: Arquivo
Elenco:
 Maria de Medeiros
Daniel Henrique
Paulinho Mendes
Cleiton Santos
Malu Galli
Ju Colombo
Daniel Henrique da Silva
Ricardo Perpétuo
Matheus de Freitas 
Sinopse:
O Contador de Histórias' gira em torno da trajetória de Roberto Carlos, um menino pobre de Belo Horizonte que, durante a década de 70, cresce em uma entidade assistencial para menores então recém-criada pelo governo. Entre fugase capturas, ele é considerado irrecuperável por seus educadores. A vida do garoto, porém, muda quando ele conhece a pedagoga francesa Margherit (Maria de Medeiros, de Pulp Fiction), que vem ao Brasil para realizar uma pesquisa. Juntos, aprendem importantes lições um com o outro, que mudarão as vidas de ambos para sempre.
Curiosidades:
Com direção de Luis Villaça e produção de Denise Fraga e Francisco Ramalho Jr., O Contador de Histórias inspira-se na história real de Roberto Carlos Ramos, ex-menino de rua que se transformou em professor e contador de histórias, ofício no qual é hoje considerado um dos melhores do mundo.
 Trailer:

O escafandro e a borboleta.



Pra quem não sabe, (eu não sabia) escafandro é uma estrutura de ferro e borracha usada por mergulhadores para trabalhos no fundo da água, e borboleta é aquele inseto lindo que só vive por 24 horas. Bem, mas isso não vem ao caso. O título do filme é uma metáfora linda que nos encanta no decorrer da trama. A película nos envolve do começo ao fim. 
O filme conta a história de um homem super bem sucedido, bonito e namorador, que derrepente se vê preso em seu próprio corpo após sofrer um acidente cardiovascular, depois do qual só consegue mexer um olho, apenas um olho. Mesmo assim consegue um grande feito, que é contado durante a história. Show de interpretação, fotografia e direção, as tomadas de câmaras são impressionantes, nos faz entrar e nos sentir no mundo do protagonista. (História real). Imperdível!!

VENCEDOR de 2 prêmios no Festival de CANNES 2007: Julian Schnabel, Melhor DIRETOR - Janusz Kaminski, Technical Grand Prize

Vencedor Globo de Ouro 2008: Melhor Diretor (Julian Schnabel) e Melhor Filme Estrangeiro

Com Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze, Anne Consigny

Direção Julian Schnabel

Gênero
Drama

Duração 112 min
Trailer:

Filmes Sensacionais!!

Adoro cinema, amo filmes bons, desses que te deixam pensativa por uns três dias, três meses e até pro resto da vida. Há filmes que me tocaram de tal forma que mudaram pra sempre meu modo de ver o mundo ou de me relacionar com as pessas, e isso eu posso afirmar sem medo de parecer exagerada. 
Pretendo voltar pra falar mais vezes de filmes, livros, músicas. Mas hoje quero falar de 4 filmes, e olha que a idéia original era falar só de um, são eles: "A jornada da alma", "o escafandro e a borboleta" "a cor púrpura" e "o contador de histórias" mas vou postar um por um, pra não ficar cansativo. Eu garanto que é impossível assisti-los e continuar a mesma pessoa.