sexta-feira, 23 de abril de 2010

Desabafo de uma filha distante.

Hoje vocês não estão por perto, e eu sinto um vazio por dentro, um aperto no peito, nó na garganta, vontade de chorar, o que me alivia é saber que apesar de longe, vocês estão bem.Não é fácil querer ouvi sua voz e não poder, por inúmeras circunstancia que aqui não vem ao caso. Não é fácil, querer conversar só pra contar que hoje eu não tive aula, que descobri uma receita nova, que conheci um lugar impressionante, que o calor voltou com tudo.Queria tanto te perguntar sobre meu avô, se ele foi ao médico, conforme o planejado, se está tudo certo pra primeira festinha de aniversário da Aissa, se compraram bolo pra comemorar o primeiro aninho do Mikael, como anda a construção da nova casa, talvez eu até arriscasse perguntar sobre o plano de vocês de voltarem a um dia me visitar.Queria saber se o bebê da Gisele nasceu como estão nossos visinhos antigos, e se a filha da minha poodle finalmente teve filhotes, queria saber tantas coisas que só tem graça se você me contasse, queria te fazer tantas perguntas que você não poderia me responder.A Aissa aprendeu a falar mais alguma coisa? O Melk continua tão levado, e ainda falando bulicão? E o Nicolas parou de tomar leite na mamadeira, e aprendeu a gostar de estudar, já o levaram pra tirar o dentinho de leite? Mikaelzinho ainda da beijos mordendo, já está andando?É! As mães não ensinam tudo aos seus filhos! Eu descobri sozinha que a distância dói menos que a solidão acompanhada, de tantas conversas deixadas pra depois por se está ocupado, ou simplesmente não estar a fim de conversas, um desinteresse desencadeado pelo costume cotidiano. E assim eu descubro que às vezes estar distante é uma forma de se fazer presente... E que às vezes a dúvida é melhor que algumas certezas.Esse ano é o nono ano seguido que não passo o dia das mães com minha mãe, apenas uma constatação, que deixo aqui jogada ao léu.O fato é que as perguntas que realmente importam, não sei como fazê-las...E com a distância sigo enganando meu coração e esperando cada natal, páscoa, carnaval e feriados, e confortando meus dias com suas orações de pais de filhos ausentes, sabendo que a cada telefonema, sua benção amadurecerá em meu espírito os conselhos que me deram.